quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sentença rejeita pedido de nulidade da licença prévia de Belo Monte. Trabalhadores da hidrelétrica são soltos


A Justiça Federal rejeitou o pedido do Ministério Público Federal para que fosse declarada a nulidade de licença prévia emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que permitiu o início da construção da Hidrelétrica de Belo Monte,  na região do Xingu, no Pará. Ainda cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.

Em uma sentença de 42 páginas, assinada na última segunda-feira (21), o juiz federal Arthur Pinheiro Chaves, da 9ª Vara, especializada no julgamento de ações de natureza ambiental, considerou inconsistentes os argumentos do MPF e entendeu que as alegações feitas não comprovaram ilegalidade ou inconstitucionalidade na outorga da licença prévia. Ele classificou de “demasiado frágil” a tese sustentada na ação, de que a implantação da hidrelétrica deveria ser precedida de regulamentação de dispositivo da Constituição, que prevê a edição de lei específica relativa ao aproveitamento de recursos hídricos, quando forem afetadas área situadas em faixas de fronteira ou terras indígenas.

Na ação civil pública, o MPF alegou que a hidrelétrica afetará diretamente as terras indígenas de Paquiçamba, Arara da Volta Grande e Juruna, já que a redução da vazão do rio Xingu, num trecho de 100 km, por meio da construção de canais de derivação, trará considerável diminuição da possibilidade de navegação, pesca e realização de rituais por parte das comunidades indígenas e ribeirinhas, modificando seu modo de vida tradicional.

Para reforçar a tese de que o empreendimento afetará áreas ocupadas por índios, o MPF lembrou que o Decreto Legislativo 788/2005 prevê estudo antropológico na área e consulta às comunidades afetadas, bem como o conteúdo do EIA/Rima apresentado pela Eletrobras, que reconhece explicitamente a alteração no modo de vida das populações indígenas e ribeirinhas.

O magistrado reconhece a existência de impactos sobre as comunidades indígenas existentes às proximidades do empreendimento Belo Monte, mas considera que tal questão deverá “ser inserida no amplo espectro de medidas mitigadoras e compensatórias que deverão nortear a implementação da UHE Belo Monte”.

CSP-Conlutas consegue liberdade para presos de Belo Monte

Nesta semana, os cinco trabalhadores presos por participarem da última greve nos canteiros da hidrelétrica de Belo Monte foram soltos.

Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário de Belém (filiado à CSP-Conlutas), Francisco, conhecido como Zé Gotinha, esse é um momento de emoção. "Desde o ano passado, a CSP-Conlutas junto com o Sindicato da Construção civil e parlamentares solidários aos companheiros está na luta para soltar os prisioneiros, por isso, esse momento é muito importante para nós", informou.

Além da presença de integrantes da Central, uma comissão de parlamentares formada pelos deputados estaduais Edilson Moura (PT-PA) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), e pelo vereador Cleber Rabelo (PSTU) também foi até Altamira e contribuiu para que os trabalhadores fossem soltos. A Justiça Federal rejeitou o pedido do Ministério Público Federal para que fosse declarada a nulidade de licença prévia emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que permitiu o início da construção da Hidrelétrica de Belo Monte,  na região do Xingu, no Pará. Ainda cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.

A advogada da CSP-Conlutas, Anacely Rodrigues, que acompanha o caso, informou que os tramites legais já foram feitos e os operários libertos soltos. Mas, para Zé Gotinha, mesmo com a liberdade dos presos, ainda será preciso uma ampla campanha para que seja arquivado o processo contra os trabalhadores. Eles são acusados de formação de quadrilha e de terem provado um incêndio no canteiro de obras em que trabalhavam. "Não há provas contra eles, por isso temos que continuar dando o nosso apoio", concluiu.

Fontes: G1 e CSP-Conlutas
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